sábado, 3 de julho de 2010

Mas, será possível?

Uma classe multisseriada numa escola rural, crianças de idades entre quatro e dez anos, um professor do sexo masculino que impõe respeito falando baixo, e tudo funciona bem... Nem barulho as crianças fazem!!!(???)
Será uma questão cultural, já que o documentário foi filmado na França? Será um truque de edição, que resolveu exibir apenas os momentos mais tranquilos da filmagem? Ou será memso possível, utilizando-se de competência e envolvimento com o ato de educar, fazer funcionar o que, aos nossos olhos, tende a fracassar?
Estou convicto de que muitos elementos interessantes podem ser extraídos desse documentário francês intitulado Ser e Ter (Être Et Avoir) e servir como mote para discussões acaloradas sobre ensinar e aprender. Para mim, contudo, o que chamou mais a atenção foi a serenidade do professor ao lidar com as crianças e como o comportamento delas reflete esta postura docente.
Não é que os conflitos não existam. Se isso acontecesse, seria o caso de tratar a relação professor-aluno como patológica. Mas, a pouca repercussão deles e a forma como são resolvidos, servindo sempre de oportunidade de aprendizagem, realmente entusiasmam.
Sei que essa pode ser uma análise reducionista. Sei também que corresponde à minha própria postura em sala de aula, de pedir aos alunos (universitários!) que trabalhem com o mínimo de "ruído"; de insistir para que (alunos universitários!) façam silêncio nos corredores, visando não atrapalhar as aulas em curso. Mas, ver a relação que se estabelece entre o professor Georges Lopez e seus alunos, me faz reforçar a convicção de que uma classe de educação infantil não tem que ser um concurso de vuvuzelas em tom mais agudo.
Uma outra convicção minha que o filme mantém é sobre a autoridade docente. E aí, creio que haja uma relação matemática simples: a intensidade da voz do(a) professor(a) é inversamente proporcional à sua autoridade! Professores que não conseguiram conquistar o respeito dos seus alunos precisam falar cada vez mais alto para fazê-los obedecer. Quanto mais alto eles falam, menos suas crianças e jovens obedecem.
Como eu disse, há muito mais que se aprender com o documentário. Resolvi destacar aquilo que ilustra e dá sustentação aos meus argumentos quase diários na formação de futuros professores e professores em serviço.
Vale a pena assistir, para que você mesmo faça seus "destaques" e, se possível, comente aqui, para que também possamos enxergá-los...



Agradeço à aluna de pedagogia, Taílla Caroline, pelo empréstimo do DVD com o documentário.